30/09/2013

O Menino de Cabul, de Khaled Hosseini (opinião)


Opinião:
Sempre que leio um bom livro, por vezes repito-me um pouco naquilo que escrevo, mas não posso deixar de o fazer, se após ter terminado a sua leitura fico a pensar na sua história e primeiro que consiga entrar noutra é muito difícil.
São narrativas que me marcam pelo seu conteúdo, O Menino de Cabul é uma história angustiante, que impressiona, mas igualmente soberba, magnifica, daquelas que ficam na nossa vida para sempre.
Aprende-se e viaja-se tanto com um bom livro, especialmente quando são histórias de outras culturas tão diferentes da nossa, é a oportunidade de conhecermos outros povos, outras terras, aprofundar e absorver outros conhecimentos.
Este livro dá-nos uma pequena visão de como é a cultura Afegã,  e como é que mesmo entre eles existe marginalização e distinção entre etnias. Obriga-nos a olhar para o Afeganistão de forma diferente.
Aborda numa primeira parte a vida passada no Afeganistão de Amir (o narrador) e do seu pai Baba, e mais tarde devido à guerra, à politica e ao regime Talibã, são obrigados a fugir para a América, isto já na segunda parte do livro. Amir também relata-nos o seu regresso passados muitos anos a Cabul, uma cidade devastada pela guerra que estava nas mãos dos talibãs.

Conhecemos a história de dois amigos Amir e Hassan durante a sua infância, duas crianças normais como tantas outras, apesar da classe social que os separa, não vivem debaixo do mesmo tecto, mas brincam juntos, sendo que Amir frequenta a escola, já Hassan sendo um Hazara descendente dos mongois (uma etnia afegã)  não lhe é permitido aprender a ler nem a escrever, pois são considerados inferiores na comunidade.
Hassan sendo o filho de um criado, prepara o pequeno almoço de Amir, trata das suas roupas, acende-lhe a lareira. Adora o amigo e gosta de o ouvir  ler e contar histórias que por vezes são inventadas, fazem isso quando estão juntos, a sua amizade é tão forte que Hassan é capaz de dar a vida pelo amigo, é lhe leal, demonstra o verdadeiro sentido da palavra amizade, mas  será que o mesmo sentimento é partilhado por Amir?
São tão diferentes um do outro, Hassan é corajoso, já Amir demonstra ser cobarde, o que vai fazer com sofra as consequências por essa sua atitude.
Todos os anos era realizado um torneio de papagaios de papel, algo importante para os habitante de Cabul que enchiam de vida, de cor e animação a cidade, invento que ninguém queria perder, Amir quer impressionar o pai, e claro que quer ganhar, e para isso contava com a ajuda de Hassan, mas nesse dia algo muda drasticamente as suas vidas para sempre.
Quando Hassan precisou mais do nunca do amigo, este virou-lhe as costas. E a partir daqui a relação de amizade entre ambos nunca mais é mesma, porque Amir sente-se culpado. Passado pouco tempo Amir volta a trair a amizade de ambos, mais uma vez, carregando assim consigo a culpa dos seus actos para o resto da vida. 

É sem dúvida um livro que mexe com os sentimentos de quem o lê, não se consegue ficar indiferente a estes personagens tão tocantes, uma narrativa muito bem construída, envolvente, trata-se de uma história poderosa.
Um romance que no fundo foca a amizade, a traição, os remorsos, mas principalmente a culpa e o arrependimento, a expiação dos actos praticados, demonstra a fragilidade do ser humano quando este trai uma amizade. O autor conseguiu que ficasse muitas vezes emocionada durante esta leitura, mas também indignada pelas barbaridades que são praticadas neste país.
Um livro que se deve ler devagar, pois é muito comovente e tocante, uma história que fica gravada para sempre na memória de quem o lê, inesquecível. Gostei imenso. Excelente.

Pode ver o livro aqui

 

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