Opinião:
Sempre que
leio um bom livro, por vezes repito-me um pouco naquilo que escrevo, mas não
posso deixar de o fazer, se após ter terminado a sua leitura fico a pensar na
sua história e primeiro que consiga entrar noutra é muito difícil.
São narrativas que me
marcam pelo seu conteúdo, O Menino de Cabul é uma história angustiante, que
impressiona, mas igualmente soberba, magnifica, daquelas que ficam na nossa
vida para sempre.
Aprende-se e viaja-se
tanto com um bom livro, especialmente quando são histórias de outras culturas
tão diferentes da nossa, é a oportunidade de conhecermos outros povos, outras
terras, aprofundar e absorver outros conhecimentos.
Este livro dá-nos uma
pequena visão de como é a cultura Afegã,
e como é que mesmo entre eles existe marginalização e distinção entre
etnias. Obriga-nos a olhar para o Afeganistão de forma diferente.
Aborda numa primeira
parte a vida passada no Afeganistão de Amir (o narrador) e do seu pai Baba, e
mais tarde devido à guerra, à politica e ao regime Talibã, são obrigados a
fugir para a América, isto já na segunda parte do livro. Amir também relata-nos
o seu regresso passados muitos anos a Cabul, uma cidade devastada pela guerra
que estava nas mãos dos talibãs.
Conhecemos a história
de dois amigos Amir e Hassan durante a sua infância, duas crianças normais como
tantas outras, apesar da classe social que os separa, não vivem debaixo do
mesmo tecto, mas brincam juntos, sendo que Amir frequenta a escola, já Hassan
sendo um Hazara descendente dos mongois (uma etnia afegã) não lhe é permitido aprender a ler nem a
escrever, pois são considerados inferiores na comunidade.
Hassan sendo o filho de
um criado, prepara o pequeno almoço de Amir, trata das suas roupas, acende-lhe
a lareira. Adora o amigo e gosta de o ouvir ler e contar histórias que por vezes são
inventadas, fazem isso quando estão juntos, a sua amizade é tão forte que
Hassan é capaz de dar a vida pelo amigo, é lhe leal, demonstra o verdadeiro
sentido da palavra amizade, mas será que
o mesmo sentimento é partilhado por Amir?
São tão diferentes um
do outro, Hassan é corajoso, já Amir demonstra ser cobarde, o que vai fazer com
sofra as consequências por essa sua atitude.
Todos os anos era realizado
um torneio de papagaios de papel, algo importante para os habitante de Cabul que
enchiam de vida, de cor e animação a cidade, invento que ninguém queria perder,
Amir quer impressionar o pai, e claro que quer ganhar, e para isso contava com
a ajuda de Hassan, mas nesse dia algo muda drasticamente as suas vidas para
sempre.
Quando Hassan precisou
mais do nunca do amigo, este virou-lhe as costas. E a partir daqui a relação de
amizade entre ambos nunca mais é mesma, porque Amir sente-se culpado. Passado pouco tempo Amir volta a trair a amizade de ambos,
mais uma vez, carregando assim consigo a culpa dos seus actos para o
resto da vida.
É sem dúvida um livro
que mexe com os sentimentos de quem o lê, não se consegue ficar indiferente a estes personagens tão tocantes, uma narrativa muito bem construída,
envolvente, trata-se de uma história poderosa.
Um romance que no fundo
foca a amizade, a traição, os remorsos, mas principalmente a culpa e o arrependimento, a expiação dos actos praticados, demonstra a fragilidade
do ser humano quando este trai uma amizade. O autor conseguiu
que ficasse muitas vezes emocionada durante esta leitura, mas também
indignada pelas barbaridades que são praticadas neste país.
Um livro que se deve
ler devagar, pois é muito comovente e tocante, uma história que fica gravada
para sempre na memória de quem o lê, inesquecível. Gostei imenso. Excelente.
Pode ver o livro aqui
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